" Eu era jovem, por incrível que pareça eu era jovem. Tinha talvez nove anos quando o coração bateu pela primeira vez. O nome dele era Diego. Ele era loirinho e lindinho. O coração batia, ele pra mim era simplesmente um monstro, não um Deus, como parecem ser os amados hoje em dia. Um monstro, um monstro que morava perto da minha rua. Porque depois que eu conheci o menino ir brincar na rua da minha própria casa era a morte. Só me lembro dessa angústia. As amigas querendo ir lá brincar e eu fugindo como uma louca. Era como um alien que brigava dentro da minha barriga. Ele berrava, esperniada e urrava. Não me deixava dormir e me dizia coisas que eu não queria ouvir. Até que criei coragem e fui na rua brincar. E o monstro tava lá. Me chamou pra andar de bicicleta. Começou a chover. Uma chuva de verão. Ninguém sabe qual é a sensação de andar de bicicleta numa chuva de verão. A rua ficava alagada e a vida era uma verdadeira e maravilhosa piscina. No portão da minha casa a chuva ficou mais tarde. Eu disse tchau pro monstro e o monstro me beijou. Eu entrei em casa e fiquei vendo ele da janela zigzagueando na bicicleta pelo meio da rua até sumir. E aí muita coisa aconteceu. Muito correio do amor, muito "pede pra Carol dizer pra ele que o que a Sâmia disse pra ele era mentira. Diz o que eu mandei. Tô lá em casa escondida te esperando. "
E os monstros continuam aparecendo até hoje. "
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